quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

CANSEI!

Boa Tarde!!!!

Nesta semana, discutiremos sobre a tão famosa e polêmica ideia de INCLUSÃO DIGITAL, a luz das discussões trazidas pelos textos "Inclusão digital: ambiguidades em curso de Paulo Cézar Oliveira e Maria Helena Bonilla e do texto Políticas Públicas para a Inclusão Digital nas Escolas de Maria Helena Bonilla. Ambos (muitos bons por sinal!!!!) se complementam e nos fazem pensar, pensar, repensar sobre a tal inclusão e sua relação com a sociedade, com a cultura e com a educação...Na verdade esta palavra sempre me incomodou (da mesma forma que a palavra cidadania e seu uso nos mais diversos discursos também me incomodam). E lendo, principalmente o primeiro texto, no qual há uma importante revisão teórica sobre este termo e o seu antônimo, a exclusão descubro que  a Inclusão e a Exclusão são antagonismos que compõe os principais sentidos atribuidos à noção de inclusão digital; descubro as controvérsias teóricas do termo exclusão; descubro a desigualdade quanto ao acesso de grande parte da população às Tecnologias Informação e Comunicação e as tentativas (válidas, mas equivocadas!), por parte de numerosas políticas públicas de tentar minimizá-la...muito parecida com a idéia do "antes isso do que nada!!". (Re) descobrir, lendo este texto, que incluir pressupõe (sim!) um eu hegemônico, um discurso único no mundo e que muitas vezes tal processo provoca a manutenção de uma determinada forma de dominação.

Descobrir, Li, pensei, mais pensei tanto que Cansei...

Cansei da labuta diária. Cansei da escola. Cansei de nossas tentativas de fazer com que escolas e outras instâncias repensem seus paradigmas e suas visões de sujeito, de educação, de tecnologia e de sociedade. Cansei de viver como antigamente no mundo de hoje (mesmo descobrindo, na leitura do livro Bergsonismo, de Deleuze, que passado e presente coexistem!!!!). Cansei de dizer que a Tecnologia (assim como o cinema, o vídeo, o documentário!!!) não deve ser concebida como mero instrumento e sim como estruturante e uma outra lógica...de uma lógica mais contemporânea...Cansei de lembrar dos Cursos de Formação de Professores oferecidos por tantos programas, de suas Aulinhas de Informática,  e da oferta de computadores, tablets, na perspectiva de incluir sem pensar ou se preocupar que este processo pressupõe a criação de oportunidade para que indivíduos, jovens, professores de nossas escolas vivam, experenciem e se tornem "conscientes" de que a cultura digital tá aí....se atualizando... 

Cansei de ler um monte de textos sobre Educação e Tecnologias, dar aulas numa Escola de Arte e Tecnologia, mas, no outro dia, em sala de aula, fazer chamada, controlar horário, escolher conteúdo, pedir para que meus alunos desligem os celularer, não acessem o facebook, não pesquisem na internet (porque você tem livro didático e eu já trouxe o texto xerocado!!) porque esse negócio de digital atrapalha o presencial, deixa a turma dispersa, livre, e eu, a PROFESSORA, não consigo ministrar minha aula. Cansei, ainda, de descobrir (mesmo que a descoberta seja algo tão lindo e importante para a humanidade!!!) as contradições presentes nestes programas de inclusão digital que parece que quanto mais a gente nada mais a gente morre na praia....que quanto  mais se tenta inclui mais excluimos, pois mantemos todo mundo no centro (e não na margem, na borda, ohhhh quem dera estarmos na borda, na rede!!!)

Me desculpa, mas tô CANSADA!





02 Palavras (Commons e Rossio) = Vários nós no Juízo!

Boa tarde!!!! 


Neste post (dificil e delicado de escrever!!), me deparei com duas palavras que deram alguns nós em minha cabeça: Commons e Rossio. Lendo e relendo as ideias trazidas pelos textos, bem como aquelas publicadas nos blogs dos mestrandos e doutorandos da disciplina e mais ainda, após as discussões que a professora Bonilla nos trouxe na última aula (que pra mim foi bastante rica!!!) percebo que (talvez) a minha dificuldade em discorrer sobre o tema LIBERDADE tenha a ver com a minha dificuldade em lidar com a mesma...até que ponto lidamos bem com a LIBERDADE que nos é concedida? E por acaso, lidar bem ou lidar mal (conceito que é bastante relativo e que dependerá da visão de mundo de cada um!) é condição para sermos livres??? 

Não sei se tem a ver com a discussão,mas um dia desses estava refletindo sobre a quantidade de informações que jorra diariamente pelas páginas do facebook. Quando falo em dificuldade em lidar com LIBERDADE, no inicio do texto, significa que em um determinado momento me deu vontade de ser uma espécie de filtro que vai "selecionando" aquilo que pode e o que não pode cair na rede. Nem tudo que cai na rede é peixe. Ou é? Contraditória eu, né mesmo? Sou sim...creio que esta sensação, tenha a ver com o meu percurso formativo...não é isso que nossas escolas e currículo fazem?? Selecionar, filtrar, escolher, aquilo que é "importante" para a nossa formação??? E com relação ao uso de tecnologias? Não é o controle, o bloqueio ao acesso, a propriedade do saber que definem ações cotidianas, de uso, por exemplo da internet?? Vou desenvolver esta última idéia lá na frente...no próximo post, pois acabei de ler dois textos incríveis sobre INCLUSÃO DIGITAL... 


Pois Bem.É exatamente este tal filtro, essa síndrome de centralização, posse e exclusividade da informação e do conhecimento (seja ele material ou imaterial) que nada tem a ver quando pensamos em Commons ou Rossio. Segundo Benkler, commons são espaços institucionais em que podemos praticar um tipo particular de liberdade. Ele diz ainda que os agentes humanos podem agir sem as restrições particulares exigidas pelos mercados, pois trata-se de um tipo particular de arranjo institucional que governa o uso e a disposição de recursos cuja principal característica, que os define de forma distinta da PROPRIEDADE, é que nenhuma pessoa tem o controle exclusivo do uso e da disposição de qualquer recurso particular. O que o commons torna possível é um ambiente em que os indivíduos e grupos são capazes de produzir informação e cultura por conta própria, tornando o processo de produção descentralizado. Aqui, a ideia é utilizar a rede mundial para oferecer informação ou troca cultural com alcance e eficácia muito maiores do que era possível anteriormente. 

Já o conceito de rival, pressupõe usos simultâneos que não competem entre si. Segundo as ideias trazidas pelo texto "Rossio Não- Rival", um rossio não rival é um conjunto de bens ou recursos não rivais que podem ser utilizados simultaneamente por mais de uma pessoa e que são utilizados em comum e simultaneamente por uma determinada comunidade. Rossio não rival é núcleo comum de fronteiras um tanto difusas...o ator traz o Software Livre como Rossio Não rival,e nos diz que com eles podemos fazer uso de programas de forma livre e comum, no qual todos tem acesso a estrutura dos programas e modificá-los desde que respeitados as licenças do software. 

Imaginem isso, os "fundamentos" e filosofia do Software Livre, como estruturante de nossa educação e de nossa relação com o saber em nossas escolas?? Imagine o currículo, deixando de ser propriedade privada e se tornando "currículo livre", com seu "código fonte" liberado para os seus "usuários" permitindo,  que todos os atores sociais imersos em processos educativos possam modificá-lo???

Pensemos nesta possibilidade!!!!


Web 2.0 e o Show do EU!

Lembro, como se fosse hoje, da noite em que concluir a leitura do texto Show do Eu de Paulo Sibilia. Este texto, me inspirou a, dentre outras coisas, me exibir na internet, pois, parafraseando o poeta Manoel de Barros, "Nas redes sociais,só 10% é Mentira. O Resto é Invenção!!" Então. Resolvi modificar a minha foto do perfil do Facebook (uma foto liiiiinda que tirei em 2010!!!) pra ver quantas "curtidas" eu receberia. Oxi. 132 curtidas e alguns comentários!!! A partir daí, começei a observar a necessidade que cada um de nós (ops!) tem de exibirmos a nossa intimidade na internet: #partiuacademia #partiurestaurante #partiupiscina #partiupraia são apenas algumas (neste gigantesco universo de auto afirmação e de expressão!!!) "targs" que expressam (será?!) a subjetividade daqueles que navegam diariamente por aquele (este) espaço.É o ser e o estar no mundo, que vai se instalando, modificando, mudando, desaparecendo, nestas novas práticas de expressão e comunicação via internet. Tudo isso, numa rapidez que dá até medo...Fico pensando ainda, como a escola, acostumada a proibir, coibir, inibir lida como o EXIBIR da geração WEB 2.0?!  

Esta geração segundo o texto, O aspecto relacional das interações na Web 2.0  de Alex Primo é a segunda geração de serviços na rede. Dentre as repercussões sociais da Web 2.0 o autor destaca o
trabalho coletivo, a troca afetiva, a produção e o aparecimento de um novo formato para a circulação de informações, publicações através de Blog, Flickr, enciclopédias colaborativas...ou seja, na rede, qualquer um produz e pesca conteúdo! 

Além disso, na web 2.0, não apenas aspectos tecnológicos e do conteúdo devem ser levados em conta, mas também as interações sociais e a sua forma e aspecto relacional. Segundo Primo, uma rede social não é qualquer rede, e como fenômeno sistêmico, produz, constrói (e por que não, destrói?) relacionamento entre os interagentes, possibilita intercâmbios e encadeamentos discursivos. Embora, não existe "laço" todos e todas estão participando de um processo social. 

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Olá Turma!!!! Feliz Ano Novo!!!
Um bom retorno pra tod@s nós!

Então, retornaremos às aulas (presenciais) no dia 07.01.14 para darmos continuidades às reflexões propostas pela disciplina Educação, Comunicação e Tecnologias. Eu, pessoalmente, (perdoem a redundância!) além de comentar os últimos textos lidos, preciso atualizar meu blog...aguardem!!!

Os textos desta semana são: Novas Práticas de Leitura - Letramento na Cibercultura e Letramento e alfabetização - as muitas facetas, ambos da pesquisadora Magda Soares. Este último me chamou bastante a atenção, sobretudo, pela proposta de revisão e de um refinamento do conceito de Letramento. A primeira vez que ouvi falar de Letramento e Alfabetização foi no Projeto MUDA (Movimento Universitário de Alfabetização) no qual atuei como monitora durante 02 anos. Tratava-se de um projeto de Alfabetização de Jovens e Adultos (extensão) coordenado pelo professor Álamo Pimentel. No primeiro ano que atuei em uma turma de alfabetização no Bairro da Paz e no segundo ano trabalhei com os moradores do Pelourinho. Foi minha primeira experiência em sala de aula, primeira momento em que me deparei com uma situação de ensino aprendizagem de leitura e escrita, no qual, essa super valorização do Letramento, em detrimento do ensino (de fato) do código escrito era "negado" como se uma coisa inviabilizasse a outra...eu, a revolucionária da pedagogia, imbuida das teorias do Método Paulo Freire de Alfabetização (que por sinal, respeito muito) achava um retrocesso ensinar aos adultos o "B com A"...

Pois bem...Magda Soares, no texto Letramento e alfabetização -  as muitas facetas, faz uma retomada dos conceitos de Letramento e dos problemas a ele inerentes, trazendo à tona a sua evolução ao longo das décadas. No tópico "A Invenção do Letramento" a autora faz uma revisão de literatura, mapeando o conceito de Letramento na produção acadêmica, no censo demográfico e na mídia, bem como, discute a autonomização da Alfabetização. Para tanto, ela reflete sobre as realidades de EUA e França no que diz respeito a aprendizagem de leitura e escrita, e, mais adiante, sobre e a fusão dos conceitos de Letramento e Alfabetização nas práticas de ensino de leitura e escrita aqui no Brasil. Aqui, diz Magda Soares, a "Invenção" do Letramento se deu de maneira diferente em relação à outros países pois houve uma fusão dos dois processos com prevalência do Letramento. No tópico  a "Desinvencão da Alfabetização" Magda fala da perda da especificidade dos processos de alfabetização que, dentre outros motivos apresentados ao longo do texto, pode ser atribuído a mudança conceitual a respeito da aprendizagem da língua escrita que se difundiu, no Brasil,  a partir dos meados da década de 80. Neste tópico, a autora conclui  que a alfabetização foi obscurecida pelo processo de Letramento porque este acabou por frequentemente prevalecer sobre aquela, o que trouxe como consequência a  perda de sua especificidade. No tópico a "Reinvenção da Alfabetização" Magda, indica que a aprendizagem da leitura e da escrita vem acontecendo de maneira "holística", que indica que uma aprendizagem dos códigos grafofônico e os processos de codificação e decodificação pode se dá de forma incidental, implicita, assistemática. Aqui ela defende que embora alfabetização e letramento sejam interdependentes, indissociáveis e simultâneos, são fundamentalmente diferentes, o que envolve processo especificos, próprios de cada um.  

Este texto é bastante inspirador para mim. Na verdade, tanto este que comentei acima, quanto o texto Novas Práticas de Leitura e Escrita: Letramento na Cibercultura se complementam e me estimula a refletir sobre como se dá a "Leitura Filmica" no contexto em que vivemos atualmente. O texto fala de "Letramentos" e considera que o momento atual oferece uma oportunidade para "refinar" este conceito, torná-lo mais claro e preciso, já que construimos outras formas de nos relaciornarmos com o outro e com as diversas linguagens através do ciberespaço. Magda Soares fala, dentre outras coisas, do desenvolvimento de novas práticas sociais de leitura e escrita (possibilitadas pela internet) o que me fez refletir sobre as práticas de recepção e leitura filmica que acontece nesse lugar. Porque não, assim como Magda, refinar e refletir, sobre o conceito de cineclubismo??? Como vemos filme hoje? Acontece prática cineclubista no contexto da  cibercultura?????Com o objetivo de ampliar as possibilidades de pensarmos nessa prática, eu e Caio e Formiga nos propomos a nos aventurar nos livros para pensar melhor sobre isso. Esta é a nossa proposta, no artigo que será entregue como avaliação da disciplina. 

Espero que a gente consiga!!!!

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Cinema em Rede!

Olá, Boa Tarde!!! Quanto tempo...

Então. Este é um post bastante especial pra mim. Claro que todos vocês, colegas e amigos da disciplina Educação, Comunicação e Tecnologias sabem que meu objeto de pesquisa, no mestrado é o cinema e sua relação com a escola. Minha proposta (inicial) é narrar a trajetória do Projeto Lanterninha - Cinema e Educação em Movimento, ação na qual eu atuei como produtora e coordenadora pedagógica entre os anos de 2009 e 2011.

Em 2008, o Projeto Lanterninha – Cinema e Educação em Movimento nasce com o objetivo de conduzir alunos, professores e toda a comunidade escolar à experiência de ver filmes. Com projetores e telas na mão e milhões de ideias na cabeça, um coletivo composto por cineastas, produtores, jornalistas, psicólogos e pedagoga - todos estes considerados pelo projeto como cine educadores - inicia sua itinerância em escolas publicas estaduais, de nível médio, localizadas em Salvador e nas cidades de Cachoeira e Santo Amaro no estado da Bahia, exibindo filmes brasileiros quinzenalmente nas escolas. Com o objetivo de formar público, democratizar o acesso a filmes tornando a experiência cinematográfica acessível a quem pouco ou nunca vai ao cinema, o projeto possibilitou, ainda, a criação e manutenção de cineclubes dentro destes espaços. Com a cessão de equipamentos e um acervo de filmes brasileiros apresentamos aos jovens estudantes, professores e toda a comunidade escolar o conceito e idéias que norteiam a prática do cineclubismo bem como, novos motivos para assistir um filme. Através do debate depois das sessões, fomentamos a percepção crítica dos filmes possibilitando possiveis interconexões do conteúdo/forma das obras que foram projetadas com a realidade em que vivemos e com os conteúdos ensinados em sala de aula fortalecendo a caracteristica transdisciplinar deste processo. Em resumo, o Projeto Lanterninha Cinema e Educação em Movimento, enquanto projeto pioneiro de ação de formação de platéia e criação de cineclubes em escolas públicas inicia aqui em Salvador e no interior do estado, uma discussão contemporânea sobre a necessidade de ampliação desta ação - e ampliação do debate e da produção de pesquisas acadêmicas nesta area - nas quais mais escolas possam criar seus grupos cineclubistas de modo a possibilitar o acesso qualificado a obras cinematográficas.

 Inspirada na experiência do Lanterninha, ano passado escrevi um projeto chamado Curta Cajazeiras. O objetivo era produzir uma mostra de curtas metragem e oferecer aos estudantes e a comunidade de Cajazeiras e adjacências cursos de formação em linguagem cinematográfica como forma, mais uma vez, de democratizar o acesso à obras (que por exemplo, circulam apenas em festivais e circuitos fechados de cinema) e contribuir com processos de alfabetização visual. Para fazer a justificativa de meu projeto fiz um levantamento sobre a quantidade de salas de cinema existentes aqui na Bahia e em Salvador, bem como as ações de exibição gratuita de filmes. Segundo dados do Mapeamento de Salas de Exibição produzido em 2010 pela Agência Nacional de Cinema (ANCINE) apenas 7% dos municípios brasileiros possuem cinemas. A região nordeste possui poucas áreas com cinema e apenas 30% da população é atendida. Na Bahia existem hoje 67 salas de cinema, sendo 44 na capital e 23 distribuídas em apenas 12 municípios, dos 417 que compõem todo o estado.  Em Salvador, embora as salas de cinema existentes estejam localizadas em Shopping Center, nas universidades e no centro da cidade, há ações de descentralização, dinamização e ampliação de pontos de exibição audiovisual no estado/cidade. Existem 90 cineclubes só em Salvador, e cerca de 200 cineclubes, em todo estado, e mais da metade destes estão inseridos em comunidades periféricas, quilombolas, terreiros de candomblé, grupos de capoeira e de hip hop; existe ainda o projeto Circuito Popular de Cinema e Vídeo – CPCV, que através do projeto Terças na Tela, realiza durante todo o ano, nos 17 Espaços Culturais da Secretaria de Cultura do estado diversas mostras de curta e longa metragem, documentários e animações gratuitamente para a população do interior e capital baiana.

Pois bem. Quando li a proposta do Projeto Cinema em Rede, fiquei feliz por Salvador (através da Sala de Arte de Cinema da Ufba) ser uma das cidades contempladas com esta ação. Pensei ainda em minha experiência (labuto com o audiovisual desde 1998, quando ingressei  na oficina de vídeo do Liceu de Artes e Ofícios da Bahia!!!) e na importância de ações de democratização de acesso a conteúdos do cinema que, no contexto da cultura digital, podem ser pensadas para além da criação de cineclubes, mostras, festivais e circuitos alternativos de cinema. Na verdade o cinema em rede, a distribuição e democratização de conteúdos, a preservação da memória do audiovisual e do cinema brasileiro, a digitalização de salas e conversão de filmes em película para formato digital pode (ao menos é o que eu espero) ser agregado a todas estas ações.

Dando uma circulada pelos blogs da turma, vi que a comunicação promovida pelas redes de computadores (Internet) podem contribuir para a circulação de conteúdos e ampliação do acesso à bens culturais e simbólicos, neste caso o cinema. Mas, me preocupa um pouco, a discussão muito focada em questões de mercado, de economia, já que, a digitalização é cara e (talvez) só seja possível para um determinado grupo...


Daí fico pensando em questões como o acesso, os direitos autorais e quem de fato, s beneficiará com todo esse processo...




domingo, 3 de novembro de 2013

oh! Cibercidadão! O cidadão da nova civilização!

Boa noite, caro leit@r?
Como se estabelecem as relações de Cidadania na Sociedade da Informação? Me deparei com esta pergunta ao ler o texto "As vozes dos cidadãos nas ágoras do ciberespaço" produzido por Ugo Mello e na velocidade de um hiperlink acessei às reflexões do texto "Para uma Genealogia da Cidadania Digital" de Tomás Patrocínio. Mas antes de dialogar com estes textos, dei um clique (involuntário?!) em minha memória e fui me parar lá na adolescência quando aos 16 anos, comecei a escutar pela primeira vez a palavra Cidadania. 

Já naquela época cidadania pra mim, era um conceito muito abstrato. Uma coisa "de lá de longe" (como dizia minha avó), algo a ser buscado ou algo que alguém (provavelmente mais cidadão que eu)iria me oferecer. Eu achava que para ser cidadão, seria preciso me enquadrar a um certo perfil pré estabelecido. Aprendi que Cidadão é aquele que tem todos os direitos garantidos (sim, verdade) cumpre todos os deveres (sim, verdade) vota (hunhum...)não joga lixo no chão (yes!) desliga a tv e vai ler um livro de Marx ou Clarice Lispector (não vale best seller de banca de revista!). Daí eu me perguntava: E eu que não faço nada disso sou o quê então? Cidadã? Hoje me pergunto: Se o conceito de cidadania é ligado a participação ativa na Polis (cidade) pixadores, prostitutas, sacizeiros, moradores de rua são cidadãos? Vamos pensando... 

Muitos projetos sociais e/ou escolas que eu conheci (e conheço) sempre quis (e quer) "formar cidadão" para alguma coisa que parece estar para além dele. Justificativas do tipo: "Este projeto servirá para formar o cidadão do novo milênio...ou esta ação formará PARA a cidadania e PARA que o sujeito se "adeque" (sim, adequar!) a um modelo de sociedade que alguem mais cidadão que eu considera ideal é muito comum nos discursos de ontem e hoje. Parece uma coisa assim: se queres ser cidadão se adequa a essa sociedade...seja ela racista, sexista, machista, excludente e coisa tal...

Nesse sentido, o texto de Patrocínio traça uma trajetória muito interessante acerca do conceito de cidadania até chegar no conceito de cidadania digital. Gosto muito das idéias de Madec e Murard (1998) presentes neste texto, já que estes autores trazem a perspectiva ontológica da cidadania. Aqui ela é colocada como algo que nos a-con-tece. Entre virtualidades e realidades ela se atualiza na nossa relação com o outro, com a coletividade e está muito ligada ao ser, a uma condição de natureza (Aristóteles também pensa assim) e, portanto, a condição do homem (e da mulher) na sociedade. Patrocínio ainda diz que "Nasce simultaneamente pessoa e cidadão. Pessoalidade e Cidadania são inseparáveis." Ou seja, esse negócio de "formar cidadão" é uma falácia? Vamos acessar nossos links e hipertextos e continuar pensando...

Patrocínio traz reflexões interessantes sobre a relação entre educação, formação, desenvolvimento e exercicio de cidadania e que é preciso se educar NA cidadania e não PARA a cidadania sejam elas nas redes virtuais ou não. Oferecer (ops! será este o verbo coerente como nosso contexto?)conhecimento e informação para as pessoas que estabelecem relações mediadas pelo computador é uma das funções da escola. E é função da escola também educar-se para educar o cidadão desse novo mundo...educar na cidadania digital pressupõe dentre outras coisas que cada aluno e aluna sejam orientados a acessar e a viver de forma "consciente" neste e em outros espaços...educar, mas não limitar ou cercear a liberdade é um de nossos desafios ...  

Ainda na adolescência, percebia o quanto a representação da cidadania esteve vinculada ao institucional, ao poder, ao Estado, a aquisição de direitos e cumprimento de deveres (sim, e isso e verdade né não?!). Mas hoje, ao ler estes dois textos, meu olhar se amplia e vejo que o exercício (não sei se esta é a melhor palavra!) da cidadania e esse cidadão estar presente em nosso cotidiano. Não é uma entidade mitológica e sim, um ser vivente,um ser social, participante ativo da vida em cidade,inserido ou não em condição digna para que esta tal cidadania aconteça...

Voltando a pergunta do inicio do texto:Como se estabelecem as relações de Cidadania na Sociedade da Informação? presente no texto de Ugo Mello me faço outra pergunta: quem é o cidadão da cibercultura? Se cidadania sempre esteve ligada a um locus e a a um território, polis, como exercer cidadania em outros espaços-tempo, em outras comunidades e em formas online de participação e sociabilidade? Se a Cidadania hoje, já pode ser pensada como algo que se atualiza para além das fronteiras de um determinado território, as (inter)ações de coletivos como o Grupo Avazz, Movimento VemPraRua, Movimento Bora Marcia (este não tão nacional) e tantos outros podem ser utilizados como exemplo de exercicio (mais uma vez a palavrinha feia) de cidadania, mobilização e formação de redes, via rede. Mesmo quem está offline ouve as vozes dos Netizen que ecoam no ciberespaço (será?!)

E vc, caro leit@r, é cidadão? Já VIVEU sua cidadania hoje?