segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Cinema em Rede!

Olá, Boa Tarde!!! Quanto tempo...

Então. Este é um post bastante especial pra mim. Claro que todos vocês, colegas e amigos da disciplina Educação, Comunicação e Tecnologias sabem que meu objeto de pesquisa, no mestrado é o cinema e sua relação com a escola. Minha proposta (inicial) é narrar a trajetória do Projeto Lanterninha - Cinema e Educação em Movimento, ação na qual eu atuei como produtora e coordenadora pedagógica entre os anos de 2009 e 2011.

Em 2008, o Projeto Lanterninha – Cinema e Educação em Movimento nasce com o objetivo de conduzir alunos, professores e toda a comunidade escolar à experiência de ver filmes. Com projetores e telas na mão e milhões de ideias na cabeça, um coletivo composto por cineastas, produtores, jornalistas, psicólogos e pedagoga - todos estes considerados pelo projeto como cine educadores - inicia sua itinerância em escolas publicas estaduais, de nível médio, localizadas em Salvador e nas cidades de Cachoeira e Santo Amaro no estado da Bahia, exibindo filmes brasileiros quinzenalmente nas escolas. Com o objetivo de formar público, democratizar o acesso a filmes tornando a experiência cinematográfica acessível a quem pouco ou nunca vai ao cinema, o projeto possibilitou, ainda, a criação e manutenção de cineclubes dentro destes espaços. Com a cessão de equipamentos e um acervo de filmes brasileiros apresentamos aos jovens estudantes, professores e toda a comunidade escolar o conceito e idéias que norteiam a prática do cineclubismo bem como, novos motivos para assistir um filme. Através do debate depois das sessões, fomentamos a percepção crítica dos filmes possibilitando possiveis interconexões do conteúdo/forma das obras que foram projetadas com a realidade em que vivemos e com os conteúdos ensinados em sala de aula fortalecendo a caracteristica transdisciplinar deste processo. Em resumo, o Projeto Lanterninha Cinema e Educação em Movimento, enquanto projeto pioneiro de ação de formação de platéia e criação de cineclubes em escolas públicas inicia aqui em Salvador e no interior do estado, uma discussão contemporânea sobre a necessidade de ampliação desta ação - e ampliação do debate e da produção de pesquisas acadêmicas nesta area - nas quais mais escolas possam criar seus grupos cineclubistas de modo a possibilitar o acesso qualificado a obras cinematográficas.

 Inspirada na experiência do Lanterninha, ano passado escrevi um projeto chamado Curta Cajazeiras. O objetivo era produzir uma mostra de curtas metragem e oferecer aos estudantes e a comunidade de Cajazeiras e adjacências cursos de formação em linguagem cinematográfica como forma, mais uma vez, de democratizar o acesso à obras (que por exemplo, circulam apenas em festivais e circuitos fechados de cinema) e contribuir com processos de alfabetização visual. Para fazer a justificativa de meu projeto fiz um levantamento sobre a quantidade de salas de cinema existentes aqui na Bahia e em Salvador, bem como as ações de exibição gratuita de filmes. Segundo dados do Mapeamento de Salas de Exibição produzido em 2010 pela Agência Nacional de Cinema (ANCINE) apenas 7% dos municípios brasileiros possuem cinemas. A região nordeste possui poucas áreas com cinema e apenas 30% da população é atendida. Na Bahia existem hoje 67 salas de cinema, sendo 44 na capital e 23 distribuídas em apenas 12 municípios, dos 417 que compõem todo o estado.  Em Salvador, embora as salas de cinema existentes estejam localizadas em Shopping Center, nas universidades e no centro da cidade, há ações de descentralização, dinamização e ampliação de pontos de exibição audiovisual no estado/cidade. Existem 90 cineclubes só em Salvador, e cerca de 200 cineclubes, em todo estado, e mais da metade destes estão inseridos em comunidades periféricas, quilombolas, terreiros de candomblé, grupos de capoeira e de hip hop; existe ainda o projeto Circuito Popular de Cinema e Vídeo – CPCV, que através do projeto Terças na Tela, realiza durante todo o ano, nos 17 Espaços Culturais da Secretaria de Cultura do estado diversas mostras de curta e longa metragem, documentários e animações gratuitamente para a população do interior e capital baiana.

Pois bem. Quando li a proposta do Projeto Cinema em Rede, fiquei feliz por Salvador (através da Sala de Arte de Cinema da Ufba) ser uma das cidades contempladas com esta ação. Pensei ainda em minha experiência (labuto com o audiovisual desde 1998, quando ingressei  na oficina de vídeo do Liceu de Artes e Ofícios da Bahia!!!) e na importância de ações de democratização de acesso a conteúdos do cinema que, no contexto da cultura digital, podem ser pensadas para além da criação de cineclubes, mostras, festivais e circuitos alternativos de cinema. Na verdade o cinema em rede, a distribuição e democratização de conteúdos, a preservação da memória do audiovisual e do cinema brasileiro, a digitalização de salas e conversão de filmes em película para formato digital pode (ao menos é o que eu espero) ser agregado a todas estas ações.

Dando uma circulada pelos blogs da turma, vi que a comunicação promovida pelas redes de computadores (Internet) podem contribuir para a circulação de conteúdos e ampliação do acesso à bens culturais e simbólicos, neste caso o cinema. Mas, me preocupa um pouco, a discussão muito focada em questões de mercado, de economia, já que, a digitalização é cara e (talvez) só seja possível para um determinado grupo...


Daí fico pensando em questões como o acesso, os direitos autorais e quem de fato, s beneficiará com todo esse processo...




domingo, 3 de novembro de 2013

oh! Cibercidadão! O cidadão da nova civilização!

Boa noite, caro leit@r?
Como se estabelecem as relações de Cidadania na Sociedade da Informação? Me deparei com esta pergunta ao ler o texto "As vozes dos cidadãos nas ágoras do ciberespaço" produzido por Ugo Mello e na velocidade de um hiperlink acessei às reflexões do texto "Para uma Genealogia da Cidadania Digital" de Tomás Patrocínio. Mas antes de dialogar com estes textos, dei um clique (involuntário?!) em minha memória e fui me parar lá na adolescência quando aos 16 anos, comecei a escutar pela primeira vez a palavra Cidadania. 

Já naquela época cidadania pra mim, era um conceito muito abstrato. Uma coisa "de lá de longe" (como dizia minha avó), algo a ser buscado ou algo que alguém (provavelmente mais cidadão que eu)iria me oferecer. Eu achava que para ser cidadão, seria preciso me enquadrar a um certo perfil pré estabelecido. Aprendi que Cidadão é aquele que tem todos os direitos garantidos (sim, verdade) cumpre todos os deveres (sim, verdade) vota (hunhum...)não joga lixo no chão (yes!) desliga a tv e vai ler um livro de Marx ou Clarice Lispector (não vale best seller de banca de revista!). Daí eu me perguntava: E eu que não faço nada disso sou o quê então? Cidadã? Hoje me pergunto: Se o conceito de cidadania é ligado a participação ativa na Polis (cidade) pixadores, prostitutas, sacizeiros, moradores de rua são cidadãos? Vamos pensando... 

Muitos projetos sociais e/ou escolas que eu conheci (e conheço) sempre quis (e quer) "formar cidadão" para alguma coisa que parece estar para além dele. Justificativas do tipo: "Este projeto servirá para formar o cidadão do novo milênio...ou esta ação formará PARA a cidadania e PARA que o sujeito se "adeque" (sim, adequar!) a um modelo de sociedade que alguem mais cidadão que eu considera ideal é muito comum nos discursos de ontem e hoje. Parece uma coisa assim: se queres ser cidadão se adequa a essa sociedade...seja ela racista, sexista, machista, excludente e coisa tal...

Nesse sentido, o texto de Patrocínio traça uma trajetória muito interessante acerca do conceito de cidadania até chegar no conceito de cidadania digital. Gosto muito das idéias de Madec e Murard (1998) presentes neste texto, já que estes autores trazem a perspectiva ontológica da cidadania. Aqui ela é colocada como algo que nos a-con-tece. Entre virtualidades e realidades ela se atualiza na nossa relação com o outro, com a coletividade e está muito ligada ao ser, a uma condição de natureza (Aristóteles também pensa assim) e, portanto, a condição do homem (e da mulher) na sociedade. Patrocínio ainda diz que "Nasce simultaneamente pessoa e cidadão. Pessoalidade e Cidadania são inseparáveis." Ou seja, esse negócio de "formar cidadão" é uma falácia? Vamos acessar nossos links e hipertextos e continuar pensando...

Patrocínio traz reflexões interessantes sobre a relação entre educação, formação, desenvolvimento e exercicio de cidadania e que é preciso se educar NA cidadania e não PARA a cidadania sejam elas nas redes virtuais ou não. Oferecer (ops! será este o verbo coerente como nosso contexto?)conhecimento e informação para as pessoas que estabelecem relações mediadas pelo computador é uma das funções da escola. E é função da escola também educar-se para educar o cidadão desse novo mundo...educar na cidadania digital pressupõe dentre outras coisas que cada aluno e aluna sejam orientados a acessar e a viver de forma "consciente" neste e em outros espaços...educar, mas não limitar ou cercear a liberdade é um de nossos desafios ...  

Ainda na adolescência, percebia o quanto a representação da cidadania esteve vinculada ao institucional, ao poder, ao Estado, a aquisição de direitos e cumprimento de deveres (sim, e isso e verdade né não?!). Mas hoje, ao ler estes dois textos, meu olhar se amplia e vejo que o exercício (não sei se esta é a melhor palavra!) da cidadania e esse cidadão estar presente em nosso cotidiano. Não é uma entidade mitológica e sim, um ser vivente,um ser social, participante ativo da vida em cidade,inserido ou não em condição digna para que esta tal cidadania aconteça...

Voltando a pergunta do inicio do texto:Como se estabelecem as relações de Cidadania na Sociedade da Informação? presente no texto de Ugo Mello me faço outra pergunta: quem é o cidadão da cibercultura? Se cidadania sempre esteve ligada a um locus e a a um território, polis, como exercer cidadania em outros espaços-tempo, em outras comunidades e em formas online de participação e sociabilidade? Se a Cidadania hoje, já pode ser pensada como algo que se atualiza para além das fronteiras de um determinado território, as (inter)ações de coletivos como o Grupo Avazz, Movimento VemPraRua, Movimento Bora Marcia (este não tão nacional) e tantos outros podem ser utilizados como exemplo de exercicio (mais uma vez a palavrinha feia) de cidadania, mobilização e formação de redes, via rede. Mesmo quem está offline ouve as vozes dos Netizen que ecoam no ciberespaço (será?!)

E vc, caro leit@r, é cidadão? Já VIVEU sua cidadania hoje?





segunda-feira, 28 de outubro de 2013

A MÁQUINA

Para a reflexão sobre o TEMPO sugiro este filme aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=3esLsA5Nm7A

Boa Sessão!!!!!

O que há de tecnológico em minha aula?

Olá, Leit@r!!

A leitura do texto extraído da tese intitulada "Escola Aprendente: desafios e possibilidades postos no contexto da sociedade do conhecimento" da professora Bonilla me fez passeartransitarlinkar  chegar em tantos outros textos, na tentativa de compreender as reflexões que foram trazidas. Naveguei pela minha memória formativa, passeei pelas publicações dos blogs de colegas da disciplina, me reconheci nas idéias trazidas pelo texto "O jeito nova geração" de Luciana Alvarez e acessei os conhecimentos contidos nas páginas do capítulo "A Cultura da Virtualidade Real: a integração da comunicação eletrônica, o fim da audiência de massa e o surgimento de redes interativas" do livro A Sociedade em Rede de Manuel Castells. Nesta viagem acabei fazendo um pouso para refletir sobre minha atuação em sala de aula... 

Acho que todo mundo aqui sabe (?!) que sou professora de Desenvolvimento Pessoal e Social da OI KABUM! Escola de Arte e Tecnologia. A Kabum! trabalha na formação de jovens de bairros populares oferecendo cursos gratuitos de Computação Gráfica, Design, Fotografia e Vídeo. Paralelo a esta formação "técnica" os jovens tem oportunidade de discutir outros temas transversais como identidade, família, sexualidade e tantas outras coisas através das atividades do DPS. Sendo uma escola de Arte e Tecnologia acho que você, caro leit@r, deve imaginar que eu sou uma expert em Tecnologias e tudo que diz respeito ao Digital. Bem , eu até achava que não entendia nada "dessas coisas de máquina" , mas diante das últimas leituras e conversas na disciplina Educação, Comunicação e Tecnologias reconheço que me aproximo a cada dia deste universo que não necessariamente tem a ver com máquinas, mas sim com um novo jeito e uma nova forma de ser e estar. Estamos no digital na maedida em que, pensamos, linkamos, navegamos, atualizamos, compartilhamos coisas em espaços, em todo ou em "nenhum lugar " onde haja interação social. 

Mas você deve tá achando que consigo fotografar com as Nikons Digitais disponibilizadas pela escola ou que sei operar programas complexos instalados em sofisticados Macintosh...engano meu car@! Embora, eu não mexa naquelas máquinas (faço coisas mais simples como por exemplo, acessar a internet!) minhas aulas acontecem de maneira cada vez menos técnica e cada vez mais tecnológica! Como assim? Como atuar em escola de tecnologia sem operar programas e softwares de ponta? O que quero dizer? É que sendo a minha aula menos técnica minha atuação e minha visão de educação também não o é (?!). Deixa eu dar um exemplo: uma das principais características de minha atividade são os intensos debates já que transitamos e navegamos por temas bastante complexos. Assuntos que mexem com cada um de nós e que precisam ser discutidos, para serem ressignificados. Ou não. Meu alunos e alunas dialogam e convivem com estes e outros assuntos em suas vidas reais e virtuais (e existe essa diferenciação? ou um está imbricado no outro?). Na hora do debate, um fala, o outro fala e a partir da fala do outro, um concorda e o outro discorda dando a minha atividade um aspecto mais dinâmico, onde é possível que se faça associações entre os argumentos sem que, haja necessariamente, uma sequência pré-definida para que estas vozes digam algo. Todas as vezes que tentei controlar meus alunos me dei mal.. Como controlar uma geração líquida, hi-tech? E para que controlar o fluir das coisas?  

Quando penso em minha prática e de tantos outros educadores  que conheci em diversos lugares e contextos, vejo o quanto ela se aproxima das idéias de hipertextualidade e interatividade trazidos no texto de Bonilla. Hipertextual pressupõe associações não-lineares, interferências, modificações, onde textos e informações estão em constante processo de construção-desconstrução, (re) negociação. Tenho em sala de aula muitos elementos (alunos, livros, computadores, celulares, professores, a própria escola) que juntos e misturados podem possibilitar que de uma forma mais fluída saltemos de uma voz a outra, de uma história pra outra reconfigurando nossos caminhos, explorando e interligando informações, ampliando possibilidades de leituras e acesso a saberes. Já a Interatividade pressupõe uma outra relação professor e aluno,  uma "mudança de fluxo de mão única" (CASTELLS, 1999, P. 363) tão corriqueiros em nossas em escolas, dando lugar processos de descentralização, não linearidade, incerteza e complexidade o que nos convoca para uma certa abertura, (re) configuração e (re) planejamento e uma nova relação com o nosso fazer em sala de aula.   

Outro fator em minha prática é que a cada dia tenho aprendido a não encarar a tecnologia como mero instrumento, recurso, ou um verniz que aplicamos nas escolas e práticas de ensino tradicionais para que magicamente tudo que é considerado “antigo”, “arcaico”, “careta” dê lugar a um faz de conta que sou moderno ou contemporaneo. Cercada de máquinas que não sei mexer direito, penso a Tecnologia e todos os conceitos vinculados a ela (a hipertextualidade, interatividade,virtualidade,realidade) como estruturante de uma outra lógica, uma outra cultura (a cibercultura) que nos convoca a repensar e sair do nosso lugar, ou melhor, migrar para outros lugares... lugares, comunidades virtuais em que estamos o tempo inteiro presentes. Pensar a tecnologia como metáfora e também como realização pode vir a modificar o nosso cotidiano em sala de aula. 

Outros fatores me fazem pensar que sou menos técnica e mais tecnológica: para começo de conversa, reconheço que não sou a única detentora/transmissora/facilitadora de acesso a saberes e conhecimentos. Não. Não sou. Em sala de aula sou mais costureira de falares, dizeres e saberes que vão hipertextualmente emergindo e se atualizando naquele aqui e agora, tecendo os fios que conduzem o ontem, o hoje e o amanhã do que uma professora (no sentido bem tradicional de que esta palavra nos remete!). Reconheço que a sala de aula não é o único espaço em que processos de aprendizagem acontecem e que nela, ao invés da ordem, do silêncio, da fala "pra um de cada vez" é um espaço no qual o caos deve ser acolhido. Sim o caos, as incertezas e as verdades de cada um que juntas, costuradas formaram essa colcha de retalhos coloridos, este (...) conjunto de nós interconectados (...) (CASTELLS,  1999, p. 498) que chamamos de rede de conhecimento.  







domingo, 20 de outubro de 2013

CIBERLIFE!

Criar meu web site/ Fazer minha home-page / Com quantos gigabytes/ Se faz uma jangada / Um barco que veleje / Que veleje nesse informar / Que aproveite a vazante da infomaré/ Que leve um oriki do meu velho orixá / Ao porto de um disquete de um micro em Taipé / Um barco que veleje nesse infomar / Que aproveite a vazante da infomaré / Que leve meu e-mail até Calcutá / Depois de um hot-link / Num site de Helsinque Para abastecer


Eu quero entrar na rede / Promover um debate / Juntar via Internet/ Um grupo de tietes de Connecticut / Um grupo de tietes de Connecticut / De Connecticut de acessar / O chefe da Mac Milícia de Milão / Um hacker mafioso acaba de soltar / Um vírus para atacar os programas no Japão / Eu quero entrar na rede para contatar / Os lares do Nepal,os bares do Gabão / Que o chefe da polícia carioca avisa pelo celular / Que lá na praça Onze tem um videopôquer para se jogar..

PELA INTERNET - GILBERTO GIL
Ol@!

Inspirada na música Pela Internet de Gilberto Gil, a reflexão que se segue buscará fazer uma costura entre as idéias trazidas pelos textos "Think Different: Estilo de vida digitais e a cibercultura como expressão cultural" de Erick Felinto; Subculturas e Ciberculturas: Para uma genealogia das identidades de um campo de Adriana Amaral e Os espaços líquidos da cibermídia de Lucia Santaella.  

De um maneira geral, os textos buscaram traçar o mapa teórico, e fazer um levantamento que buscou delinear a pluralidade de idéias e conceitos que tentam explicar (ou não!) o que seja de fato a Cibercultura. Refletindo sobre a identidade deste campo, as reflexões acerca do conceito/noção de Cibercultura e sua relação com as transformações sociais, culturais e subjetivas da/na contemporaneidade, os textos nos mostram que a cibercultura não é apenas um discurso abstrato, distante, mas algo que se materializa e perpassa as práticas comportamentais e de consumo, os modos de vida, o imaginário, objetos e formas de relacionar e estar no mundo.

Trata - se de um espaço de articulações discursivas, formação cultural, um espaço hibrido que segundo Erick Filinto agrega-se materialidades, imaginários e performances sociais. Para o autor a cibercultura é um domínio do conhecimento complexo, em constante mutação e com fronteiras fluidas apresentando desafios que exigirá renovação em concepções epistemológicas por agregar em sua essência o incerto, o hibrido, o poético e o subjetivo. 

Lendo os três textos noto que não é possível pensar em cibercultura sem traçar um paralelo entre cultura e tecnologia; a relação homem e a máquina, as "novas" práticas sociais adivindas e mediadas pelo computador. Dentre elas podemos destacar os hábitos que são possibilitados, por exemplo, pelas redes sociais.  Neste Ciberespaço uma “nova” realidade surge (será?!), no qual emerge um novo tipo de sujeito que cotidianamente se relaciona e transita de forma não linear por um sistema de comunicação integrado pela grande rede, que como diz Lucia Santaella não possui bordas, nem centro. No ciberespaço as pessoas se deparam com um espaço informacional, de arquitetura líquida e sem fronteira, cuja realidade possui uma multiplicidade de direções e possibilidades. Convergência, Interatividade, Acesso, Troca, Movimento, Produção, armazenamento e Disseminação de informações são umas das palavras que podem nos transportar e nos ajudar a entender a dinâmica desta forma de cultura e socialização tão complexa.


sábado, 12 de outubro de 2013

Bem Vind@s!!!!

Caro leit@r,

Bem Vindos ao blog Fluíd@s Idéias!


Este espaço foi criado para que idéias, palavras, imagens, textos e hipertextos fluam e de forma interativa, se (des) encontrem. Neste diário de Trans-Bordo, você está convidado à criar, costurar e tecer uma grande rede de conhecimento. Conhecimentos estes que serão compartilhados, discutidos, (re) vistos pelos mestrandos (e, quem sabe, por outras pessoas!) do PPGE - Ufba que iniciaram seus trabalhos e reflexões na disciplina Educação, Comunicação e Tecnologias ministrada pela professora Maria Helena Bonilla. Desafiando o príncipio do confinamento territorial e do assentamento tão presentes na era pré moderna (e na moderna também!) para uma prática extraterritorial, a proposta desta disciplina é que também ocupemos o ciberespaço. Romper as molduras, trincheiras e solidez que circunscrevem as paredes da sala de aula, dinamizandoe ampliando as fronteiras espaço-temporais e conceituais para possibilitar que vivenciemos formas de diálogo e trocas de saberes coerentes com as transformações em curso será, para mim, um de nossos grandes desafios. 

O nosso primeiro encontro presencial aconteceu no dia 08/10, das 18h as 20h30 na Faculdade de Educação da Ufba. Fizemos uma "roda" de apresentações, na qual, cada mestrando falou sobre a sua proposta de pesquisa e os motivos que o fizeram optar por cursar a disciplina. Houve ainda apresentação da proposta da disciplina, da ementa, do referencial bibliográfico e suas fomas de avaliação.  De forma interativa nos inserimos na fala, no discurso e experiência do outro o que me remeteu e me fez pensar sobre os meus próprios motivos e porquês de estar ali, pesquisando este ou aquele tema... Para onde a pesquisa do outro me transporta? Quais os possíveis links, diálogos e interações?

Neste sentido, a primeira atividade proposta pela professora foi a leitura e reflexão do Prefácio e do Capítulo 3 (TEMPO / ESPAÇO) do livro "Modernidade Líquida" do autor Zygmunt Bauman. Gostaria de dizer que esta leitura me levou para tantas e outras leituras, palavras, imagens e obras artisticas (cinema, literatura, artes visuais) que, em sua forma e conteúdo, traduzem e nos fazem pensar na leveza, liquidez, fluidez, mobilidade, acasos, insconstâncias e caos próprios da nossa era e de nosso tempo presente. Era esta que Bauman chama de "Modernidade Fluida". Prometo que nas proximas postagens colocarei links e referências das obras pra que possam entender onde quero chegar...

Mergulhando, Navegando e Trans - bordando nas idéias e reflexões trazidas pelo autor, me deparei já na primeira linha do prefácio desta obra com uma frase que traz a Fluidez como a principal metáfora para o estágio presente. E o que significa algo em seu estado fluido, leve, líquido? Se pensarmos por exemplo nas águas correntes do rio ou do mar veremos que estas além de não se manterem fixas e rígidas em uma forma ou em um único espaço - tempo, são instáveis, se movem, se diluem, transbordam, mudam. E o mundo atual, com as suas novas relações e formas de organização social, cultural, política não se encontra em  "Estado Líquido" na qual a rigidez, deu lugar a dinâmicas de flexibilidade, (í) lógica e movimento crescentes?

Bauman nos faz pensar ainda, que a modernidade foi fluida desde sua concepção. E que "antes" derreteram-se velhas estruturas de sólidos conceitos com as quais o mundo estava acostumado a se relacionar,  para, a partir daí, gerar "outras" que mantivessem as idéias e concepções sempre vigentes: de de que o mundo é linear, durável e passível de administração e controle...A impressão que tive ao ler este trecho é que, ao contrário, no nosso estado presente o derretimento do "velho" é redirecionado não mais para manter mas sim para fazer emergir o novo. Talvez aquilo que Bauman chama de redistribuição e a realocação dos “poderes de derretimento” da modernidade. Mas será que é assim simples, quase uma relação direta de causa e efeito? Vou tentar fazer uma analogia: 

Por exemplo, se pensássemos em algumas mudanças que ocorreram nas nossas escolas a exemplo da inserção de computadores...Não parece que velhos sólidos foram derretidos, mas novamente congelaram e rigidamente mantemos em nossa prática e nossa relação com as TIC´S a lógica que sempre existiu sem a inserção destes? Hoje uma coisa é substituida para mudar, transformar relações e visões de mundo ou mantê-las? Qual espaço reservado, dentro de nossas escolas, em nossos pensamentos e práxis para a flexibilidade, expansividade, mobilidade , instantaneidade que caracterizam o  mundo moderno? O que significa educar no contexto da Modernidade Líquida? Para pensarmos um pouco e quem sabe tentarmos responder estas questões ao longo da disciplina e de nosso percusso e itinerância enquanto professores e pesquisadores...

Outra discussão presente no Capítulo 3 é a relação (Des) estabelecida entre Tempo/Espaço nesta nova era.  Bauman traz reflexões que transitam pela ideia utópica de comunidade como espaço ideal para a convivência humana, passando pelo contexto da cidade e dos espaços urbanos. Neste último o autor reflete sobre algumas categorias de espaços-tempos existentes no mundo moderno no qual ele denomina de "espaços públicos mas não civil". São espaços marcados pela ação onde não há necessidade de interação humana: são lugares, ajuntamentos, conjuntos, agregados, pedaços flutuantes de espaço; lugares sem lugar, que existem por si mesmo, fechados em si mesmo, e que rompem com a lógica do estabelecer-se; lugares de ruptura, transição e não de fixação. Além do espaço, a relação com tempo também foi modificada. Brauman fala da instantaneidade do tempo do software, anunciando a desvalorização do espaço porque todas as partes do espaço podem ser atingidas num mesmo espaço de tempo (?!). É só clicar, acessar o celular, o tablet e qualquer outro dispositivo movél... 

Pensar nestas relações me fez, mais uma vez, correr o risco de fazer mais uma analogia: Se na era do Hardware, da "modernidade pesada", os muros e fábricas, as grandes equipes e as grandes máquinas, a rotinização do tempo, a linearidade e a previsibilidade eram o que garantia do sucesso e legitimava as práticas (políticas, culturais, as relações de trabalho) de uma determinada época, o que fazer quando há resquícios de "peso" nas práticas da era Modernidade Leve que é marcada pelas sua formas organizacionais mais soltas e mais adequadas ao fluxo, ao múltiplo, complexo, rápido, ambíguo, vago???

Vamos refletir!!!