Olá, Boa Tarde!!! Quanto tempo...
Então. Este é um post bastante especial
pra mim. Claro que todos vocês, colegas e amigos da disciplina Educação,
Comunicação e Tecnologias sabem que meu objeto de pesquisa, no mestrado é o
cinema e sua relação com a escola. Minha proposta (inicial) é narrar a
trajetória do Projeto Lanterninha - Cinema e Educação em Movimento, ação na
qual eu atuei como produtora e coordenadora pedagógica entre os anos de 2009 e
2011.
Em 2008, o Projeto Lanterninha – Cinema e
Educação em Movimento nasce com o objetivo de conduzir alunos, professores e
toda a comunidade escolar à experiência de ver filmes. Com projetores e telas
na mão e milhões de ideias na cabeça, um coletivo composto por cineastas,
produtores, jornalistas, psicólogos e pedagoga - todos estes considerados pelo
projeto como cine educadores - inicia sua itinerância em escolas publicas
estaduais, de nível médio, localizadas em Salvador e nas cidades de Cachoeira e
Santo Amaro no estado da Bahia, exibindo filmes brasileiros quinzenalmente nas
escolas. Com o objetivo de formar público, democratizar o acesso a filmes
tornando a experiência cinematográfica acessível a quem pouco ou nunca vai ao
cinema, o projeto possibilitou, ainda, a criação e manutenção de cineclubes
dentro destes espaços. Com a cessão de equipamentos e um acervo de filmes
brasileiros apresentamos aos jovens estudantes, professores e toda a comunidade
escolar o conceito e idéias que norteiam a prática do cineclubismo bem como,
novos motivos para assistir um filme. Através do debate depois das sessões,
fomentamos a percepção crítica dos filmes possibilitando possiveis
interconexões do conteúdo/forma das obras que foram projetadas com a realidade
em que vivemos e com os conteúdos ensinados em sala de aula fortalecendo a
caracteristica transdisciplinar deste processo. Em resumo, o Projeto
Lanterninha Cinema e Educação em Movimento, enquanto projeto pioneiro de ação
de formação de platéia e criação de cineclubes em escolas públicas inicia aqui
em Salvador e no interior do estado, uma discussão contemporânea sobre a
necessidade de ampliação desta ação - e ampliação do debate e da produção de
pesquisas acadêmicas nesta area - nas quais mais escolas possam criar seus
grupos cineclubistas de modo a possibilitar o acesso qualificado a obras
cinematográficas.
Inspirada na experiência do Lanterninha, ano
passado escrevi um projeto chamado Curta Cajazeiras. O objetivo era produzir
uma mostra de curtas metragem e oferecer aos estudantes e a comunidade de
Cajazeiras e adjacências cursos de formação em linguagem cinematográfica como
forma, mais uma vez, de democratizar o acesso à obras (que por exemplo,
circulam apenas em festivais e circuitos fechados de cinema) e contribuir com
processos de alfabetização visual. Para fazer a justificativa de meu projeto
fiz um levantamento sobre a quantidade de salas de cinema existentes aqui na
Bahia e em Salvador, bem como as ações de exibição gratuita de filmes. Segundo
dados do Mapeamento de Salas de Exibição produzido em 2010 pela Agência
Nacional de Cinema (ANCINE) apenas 7% dos municípios brasileiros possuem
cinemas. A região nordeste possui poucas áreas com cinema e apenas 30% da
população é atendida. Na Bahia existem hoje 67 salas de cinema, sendo 44 na
capital e 23 distribuídas em apenas 12 municípios, dos 417 que compõem todo o
estado. Em Salvador, embora as salas de
cinema existentes estejam localizadas em Shopping Center, nas universidades e
no centro da cidade, há ações de descentralização, dinamização e ampliação de
pontos de exibição audiovisual no estado/cidade. Existem 90 cineclubes só em
Salvador, e cerca de 200 cineclubes, em todo estado, e mais da metade destes
estão inseridos em comunidades periféricas, quilombolas, terreiros de
candomblé, grupos de capoeira e de hip hop; existe ainda o projeto Circuito
Popular de Cinema e Vídeo – CPCV, que através do projeto Terças na Tela,
realiza durante todo o ano, nos 17 Espaços Culturais da Secretaria de Cultura
do estado diversas mostras de curta e longa metragem, documentários e animações
gratuitamente para a população do interior e capital baiana.
Pois bem. Quando li a proposta do Projeto
Cinema em Rede, fiquei feliz por Salvador (através da Sala de Arte de Cinema da
Ufba) ser uma das cidades contempladas com esta ação. Pensei ainda em minha
experiência (labuto com o audiovisual desde 1998, quando ingressei na oficina de vídeo do Liceu de Artes e
Ofícios da Bahia!!!) e na importância de ações de democratização de acesso a conteúdos
do cinema que, no contexto da cultura digital, podem ser pensadas para além da
criação de cineclubes, mostras, festivais e circuitos alternativos de cinema.
Na verdade o cinema em rede, a distribuição e democratização de conteúdos, a
preservação da memória do audiovisual e do cinema brasileiro, a digitalização
de salas e conversão de filmes em película para formato digital pode (ao menos
é o que eu espero) ser agregado a todas estas ações.
Dando uma circulada pelos blogs da turma,
vi que a comunicação promovida pelas redes de computadores (Internet) podem
contribuir para a circulação de conteúdos e ampliação do acesso à bens
culturais e simbólicos, neste caso o cinema. Mas, me preocupa um pouco, a
discussão muito focada em questões de mercado, de economia, já que, a
digitalização é cara e (talvez) só seja possível para um determinado grupo...
Daí
fico pensando em questões como o acesso, os direitos autorais e quem de fato,
s beneficiará com todo esse processo...