segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Cinema em Rede!

Olá, Boa Tarde!!! Quanto tempo...

Então. Este é um post bastante especial pra mim. Claro que todos vocês, colegas e amigos da disciplina Educação, Comunicação e Tecnologias sabem que meu objeto de pesquisa, no mestrado é o cinema e sua relação com a escola. Minha proposta (inicial) é narrar a trajetória do Projeto Lanterninha - Cinema e Educação em Movimento, ação na qual eu atuei como produtora e coordenadora pedagógica entre os anos de 2009 e 2011.

Em 2008, o Projeto Lanterninha – Cinema e Educação em Movimento nasce com o objetivo de conduzir alunos, professores e toda a comunidade escolar à experiência de ver filmes. Com projetores e telas na mão e milhões de ideias na cabeça, um coletivo composto por cineastas, produtores, jornalistas, psicólogos e pedagoga - todos estes considerados pelo projeto como cine educadores - inicia sua itinerância em escolas publicas estaduais, de nível médio, localizadas em Salvador e nas cidades de Cachoeira e Santo Amaro no estado da Bahia, exibindo filmes brasileiros quinzenalmente nas escolas. Com o objetivo de formar público, democratizar o acesso a filmes tornando a experiência cinematográfica acessível a quem pouco ou nunca vai ao cinema, o projeto possibilitou, ainda, a criação e manutenção de cineclubes dentro destes espaços. Com a cessão de equipamentos e um acervo de filmes brasileiros apresentamos aos jovens estudantes, professores e toda a comunidade escolar o conceito e idéias que norteiam a prática do cineclubismo bem como, novos motivos para assistir um filme. Através do debate depois das sessões, fomentamos a percepção crítica dos filmes possibilitando possiveis interconexões do conteúdo/forma das obras que foram projetadas com a realidade em que vivemos e com os conteúdos ensinados em sala de aula fortalecendo a caracteristica transdisciplinar deste processo. Em resumo, o Projeto Lanterninha Cinema e Educação em Movimento, enquanto projeto pioneiro de ação de formação de platéia e criação de cineclubes em escolas públicas inicia aqui em Salvador e no interior do estado, uma discussão contemporânea sobre a necessidade de ampliação desta ação - e ampliação do debate e da produção de pesquisas acadêmicas nesta area - nas quais mais escolas possam criar seus grupos cineclubistas de modo a possibilitar o acesso qualificado a obras cinematográficas.

 Inspirada na experiência do Lanterninha, ano passado escrevi um projeto chamado Curta Cajazeiras. O objetivo era produzir uma mostra de curtas metragem e oferecer aos estudantes e a comunidade de Cajazeiras e adjacências cursos de formação em linguagem cinematográfica como forma, mais uma vez, de democratizar o acesso à obras (que por exemplo, circulam apenas em festivais e circuitos fechados de cinema) e contribuir com processos de alfabetização visual. Para fazer a justificativa de meu projeto fiz um levantamento sobre a quantidade de salas de cinema existentes aqui na Bahia e em Salvador, bem como as ações de exibição gratuita de filmes. Segundo dados do Mapeamento de Salas de Exibição produzido em 2010 pela Agência Nacional de Cinema (ANCINE) apenas 7% dos municípios brasileiros possuem cinemas. A região nordeste possui poucas áreas com cinema e apenas 30% da população é atendida. Na Bahia existem hoje 67 salas de cinema, sendo 44 na capital e 23 distribuídas em apenas 12 municípios, dos 417 que compõem todo o estado.  Em Salvador, embora as salas de cinema existentes estejam localizadas em Shopping Center, nas universidades e no centro da cidade, há ações de descentralização, dinamização e ampliação de pontos de exibição audiovisual no estado/cidade. Existem 90 cineclubes só em Salvador, e cerca de 200 cineclubes, em todo estado, e mais da metade destes estão inseridos em comunidades periféricas, quilombolas, terreiros de candomblé, grupos de capoeira e de hip hop; existe ainda o projeto Circuito Popular de Cinema e Vídeo – CPCV, que através do projeto Terças na Tela, realiza durante todo o ano, nos 17 Espaços Culturais da Secretaria de Cultura do estado diversas mostras de curta e longa metragem, documentários e animações gratuitamente para a população do interior e capital baiana.

Pois bem. Quando li a proposta do Projeto Cinema em Rede, fiquei feliz por Salvador (através da Sala de Arte de Cinema da Ufba) ser uma das cidades contempladas com esta ação. Pensei ainda em minha experiência (labuto com o audiovisual desde 1998, quando ingressei  na oficina de vídeo do Liceu de Artes e Ofícios da Bahia!!!) e na importância de ações de democratização de acesso a conteúdos do cinema que, no contexto da cultura digital, podem ser pensadas para além da criação de cineclubes, mostras, festivais e circuitos alternativos de cinema. Na verdade o cinema em rede, a distribuição e democratização de conteúdos, a preservação da memória do audiovisual e do cinema brasileiro, a digitalização de salas e conversão de filmes em película para formato digital pode (ao menos é o que eu espero) ser agregado a todas estas ações.

Dando uma circulada pelos blogs da turma, vi que a comunicação promovida pelas redes de computadores (Internet) podem contribuir para a circulação de conteúdos e ampliação do acesso à bens culturais e simbólicos, neste caso o cinema. Mas, me preocupa um pouco, a discussão muito focada em questões de mercado, de economia, já que, a digitalização é cara e (talvez) só seja possível para um determinado grupo...


Daí fico pensando em questões como o acesso, os direitos autorais e quem de fato, s beneficiará com todo esse processo...